07/07/2012

“Frio não existe, é só a ausência do calor”.


“Eu cansei de você. Mesmo, com todo meu coração. Cansei de ficar encarando o seu nome como se isso, de alguma forma, pudesse mandar um sinal para você, que fizesse você se tocar do quanto eu sinto sua falta. Cansei de te ligar desesperada no meio da madrugada, e ouvir apenas o silêncio do outro lado da linha. Cansei de ficar contando minutos para um brilhante e enorme nada entre nós. Você me cansa 25 horas por dia, sem contar aqueles especiais em que você me faz hora extra. E eu cansei de ficar cansada o tempo todo. Você me olha da cabeça aos pés e uma pequena parte do meu cérebro sabe que eu estou perdida para sempre. Eu nunca vou superar você. Nunca. Nunquinha. Jamais. Digo que até já esqueci, mas aí você volta e me balança. Ou não volta e me entristece. Então, é isso. Seu regresso é o mais doce dos sabores e a tua ausência é a ardência mais permanente que já senti. Você, sendo tudo, virou nada. Virou apenas vazio e escuridão. “Frio não existe, é só a ausência do calor”. Então o resfriado e a febre não existem. A falta de fome também não. Não tem essa de insônia e desespero. Nada disso existe. Existe só você não estar aqui. Existe só um espaço em branco no caderno, na cama, no peito e na vida. Existe só eu procurando por você por onde quer que eu passe. Vendo seu nome por aí e desejando que estivesse ao lado do meu. Não existe amor – está certo, você venceu. Se ele realmente existisse, os remédios seriam desnecessários. A enxaqueca já teria passado faz tempo. Se fosse amor, seria para nós dois. Doeria tanto em você quanto dói em mim. Ou melhor: apenas não haveria dor. Se esse amor existisse, esse silêncio enorme se extinguiria. Eu não acredito em você. Eu não acredito em pessoas que sempre têm a razão – principalmente sobre coisas que ninguém deveria ser capaz de prever. E, eu sei, houve mais que apenas desejo. Teve amizade no meio. Companheirismo, risadas, brincadeiras sem sentido. Houve um pouco daquela estupidez adolescente que deixa as pessoas felizes independente da idade que elas possuam. Essa foi minha contribuição para nós dois: eu acreditei. Com cada fibra do meu minúsculo corpo de menina, eu pensei que pudesse dar certo. Você apenas serviu para por um fim em todas as minhas crenças. Você me ensinou a única coisa que vale a pena aprender na vida: sofrer. De corpo e alma. Doer dos pés a cabeça. Nós podíamos ter casado, tido filhos e sido felizes para sempre. Mas, não. Você, ao invés disso, escolheu ser o garoto que me fez sofrer. Aquela cicatriz enorme e invisível que nunca vai sarar.”




— Para o Heathcliff com olhos tolos demais para ver - Ana F (salt-waterroom)

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07/07/2012

“Frio não existe, é só a ausência do calor”.


“Eu cansei de você. Mesmo, com todo meu coração. Cansei de ficar encarando o seu nome como se isso, de alguma forma, pudesse mandar um sinal para você, que fizesse você se tocar do quanto eu sinto sua falta. Cansei de te ligar desesperada no meio da madrugada, e ouvir apenas o silêncio do outro lado da linha. Cansei de ficar contando minutos para um brilhante e enorme nada entre nós. Você me cansa 25 horas por dia, sem contar aqueles especiais em que você me faz hora extra. E eu cansei de ficar cansada o tempo todo. Você me olha da cabeça aos pés e uma pequena parte do meu cérebro sabe que eu estou perdida para sempre. Eu nunca vou superar você. Nunca. Nunquinha. Jamais. Digo que até já esqueci, mas aí você volta e me balança. Ou não volta e me entristece. Então, é isso. Seu regresso é o mais doce dos sabores e a tua ausência é a ardência mais permanente que já senti. Você, sendo tudo, virou nada. Virou apenas vazio e escuridão. “Frio não existe, é só a ausência do calor”. Então o resfriado e a febre não existem. A falta de fome também não. Não tem essa de insônia e desespero. Nada disso existe. Existe só você não estar aqui. Existe só um espaço em branco no caderno, na cama, no peito e na vida. Existe só eu procurando por você por onde quer que eu passe. Vendo seu nome por aí e desejando que estivesse ao lado do meu. Não existe amor – está certo, você venceu. Se ele realmente existisse, os remédios seriam desnecessários. A enxaqueca já teria passado faz tempo. Se fosse amor, seria para nós dois. Doeria tanto em você quanto dói em mim. Ou melhor: apenas não haveria dor. Se esse amor existisse, esse silêncio enorme se extinguiria. Eu não acredito em você. Eu não acredito em pessoas que sempre têm a razão – principalmente sobre coisas que ninguém deveria ser capaz de prever. E, eu sei, houve mais que apenas desejo. Teve amizade no meio. Companheirismo, risadas, brincadeiras sem sentido. Houve um pouco daquela estupidez adolescente que deixa as pessoas felizes independente da idade que elas possuam. Essa foi minha contribuição para nós dois: eu acreditei. Com cada fibra do meu minúsculo corpo de menina, eu pensei que pudesse dar certo. Você apenas serviu para por um fim em todas as minhas crenças. Você me ensinou a única coisa que vale a pena aprender na vida: sofrer. De corpo e alma. Doer dos pés a cabeça. Nós podíamos ter casado, tido filhos e sido felizes para sempre. Mas, não. Você, ao invés disso, escolheu ser o garoto que me fez sofrer. Aquela cicatriz enorme e invisível que nunca vai sarar.”




— Para o Heathcliff com olhos tolos demais para ver - Ana F (salt-waterroom)

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